A previsão de Berthelot
"Num discurso que causou alguma celeuma, Marcelin Berthelot, o grande químico do tempo (1894), que deve a sua popularidade à síntese do álcool e que dirigia um laboratório que trabalhava para a indústria, traçou o quadro para o ano 2000:
Nesse tempo já não haverá no mundo agricultura, nem pastores, nem trabalhadores agrícolas: o problema da existência pela cultura terá sido suprimido pela química. Já não haverá minas de carvão de coque nem indústrias subterrâneas nem, por consequência, greves de mineiros. O problema dos combustíveis terá sido resolvido pelo concurso da química e da física.
Já não haverá alfândegas, nem protecionismo, nem guerras, nem fronteiras banhadas de sangue. A navegação aérea, com seus motores criados pelas energias químicas, terá relegado essas antiquadas instituições para o passado. Estaremos então bem próximo de realizarmos os sonhos do socialismo... desde que se consiga descobrir uma química espiritual que mude a natureza moral do homem tão profundamente quanto a nossa química transforma a natureza material!
Anuncia que a química produzirá uma alimentação em barras cuja abundância já não dependerá da chuva ou da seca, das boas ou das más colheitas. E acrescenta:
O problema fundamental consiste em descobrir fontes de energia inesgotáveis e que se renovem quase sem trabalho...
Embora não previsse que o óleo de Séneca é que virá a constituir, sob o nome de petróleo, essa fonte do século XX, anuncia, com muita precisão, a utilização da energia solar no século XXI."
Excerto do livro de Françoise Giroud "Um Génio Madame Curie", Editorial Inquérito, Lisboa, 1981, onde eu destaco: "Estaremos então bem próximo de realizarmos os sonhos do socialismo... desde que se consiga descobrir uma química espiritual que mude a natureza moral do homem tão profundamente quanto a nossa química transforma a natureza material!" Ora... e essa química espiritual? Estaremos no seu caminho? Há uma busca mais assumida do caminho espiritual nos dias de hoje. Teremos paz para o caminho?